Music promo
Yola Araújo
(Luanda-Sul, 1978), é uma cantora angolana, considerada um dos nomes
sonantes da música angolana. Começou a fazer coros e hoje é uma das
vozes femininas mais respeitadas da música angolana. Simples, discreta,
com uma vida pacata como nos confessa, está agora a preparar um novo
disco. Mas tem mais projectos a caminho.
Nasceu na Lunda Sul mas sempre viveu em
Luanda, no bairro do Sameko. A vontade de cantar veio da juventude,
quando se habituou a ouvir outras cantoras e a ver os primeiros
espectáculos. Como tinha algum jeito, começou a fazer coros para outros
artistas em 1997, um primeiro passo que lhe deu a oportunidade de entrar
no meio musical. Conheceu pessoas e projectos e, em 1999, juntamente
com Margareth do Rosário e Djamila D’elves arrancou com o grupo
Melomanias.
Um projecto que teve um grande impacto
no final dos anos noventa, ligado a um novo movimento da música angolana
onde o kizomba e o semba se misturavam sem quaisquer complexos. Foi o
seu primeiro cartão de visita. “O grupo acabou por desfazer-se. Cada uma
de nós queria ter uma carreira a solo. A primeira a sair foi a
Margareth, e depois fui eu”.
O primeiro álbum de Yola Araújo
Em 2001 lança o seu primeiro álbum a
solo, Sensual, um trabalho que foi muito bem recebido pelo público. Isso
valeu-lhe ganhar rapidamente notoriedade e colocar-se, na altura, entre
os novos nomes da nossa música. “Este foi um álbum em que fiz cerca de
90% das letras, sendo que as músicas foram feitas fundamentalmente pelo
Jorge do Rosário. Há também uma faixa do Manu Soares”, refere Yola
Araújo, que acrescenta, “Eu não tenho conhecimento musical do ponto de
vista da formação. Nunca estudei. Faço as letras e entrego aos
produtores, que depois fazem as melodias sobre as palavras”.
O Disco de prata
Em 2003 tem um grande sucesso com o seu
segundo disco, Um Pouco Diferente, foi disco de prata, sendo que em 2006
lança Diferente e Mais um Pouco. É também premiada em diversos
concursos e por várias instituições. Um trajecto que a leva a fazer
muitos espectáculos pelo país, “antes de começar a cantar não conhecia a
província”, e a desenvolver parcerias com outros músicos. Vai
solidificando a sua carreira juntamente com a vontade em melhorar a sua
voz e a sua presença em palco.
Com toda a simplicidade construiu uma
carreira que faz agora 12 anos. Tempo suficiente para fazer um primeiro
balanço. “Penso que neste tempo amadureci bastante. Hoje tenho o ouvido
mais apurado, percebo o que pode ou não ser um sucesso. Uma intuição que
vamos desenvolvendo com os anos. Também melhorei bastante a minha
postura no palco. Hoje é diferente. Aprendi bastante na forma de vestir e
de dançar e, também eduquei a minha voz. Com o passar dos anos e com a
experiência que vamos adquirindo, temos maior preocupação com os
pormenores. Quero fazer sempre melhor”.
A experiência também se estende a outras
áreas. “Também aprendi a seleccionar as pessoas com quem quero
trabalhar. Tenho as minhas ideias, o meu projecto, e tenho que ter
pessoas em quem confio para discutir os caminhos a percorrer. Isso
faz-se com bons músicos, mas também com boas pessoas. Eu tenho os meus
objectivos e sei onde quero estar. Por exemplo, o Heavi C produziu o meu
segundo e terceiro álbum e é uma pessoa com quem gosto muito de
trabalhar. Existe uma química própria que faz com que seja mais fácil
que as coisas fiquem como quero”, explica a artista.
Como todos os cantores, também Yola
Araújo divide a sua vida profissional entre os estúdios e o palco, num
equilíbrio que nos explica: “Na verdade gosto de estar em estúdio a
trabalhar. A ver as músicas crescerem. Mas também gosto muito do palco,
do contacto com o público. Num espectáculo tenho sempre uma vontade
enorme de entrar. É uma sensação muito boa”. A cantora faz também
questão em reforçar o facto de gostar muito de cantar nas principais
cidades da província, reconhecendo que hoje a carreira musical dos
artistas não se faz apenas na capital, mas que já tem uma dimensão
nacional.
O Quarto CD de Yola Araújo
Os projectos a curto prazo passam pela
gravação de um quarto disco. “Tenho gravado um CD a cada três anos. Acho
que é isso…”, diz com uma grande gargalhada, acrescentando, “estou
agora numa altura de idealizar o novo disco. Possivelmente vou juntar
produtores das Antilhas e de Cabo Verde. Hoje existe uma fusão entre as
diversas culturas e os diversos artistas. Também é verdade que a música
angolana começa a expandir–se para outros países, a sair de Angola. Não é
muito fácil, mas o kizomba, o kuduro ou o semba começam a ser ouvidos
em outros mercados.
No outro dia estava a ver um programa do
Jô Soares na Globo e começo a ouvir um “raga” meu. E não foi a primeira
vez. Isso é um sinal que estamos a furar algumas barreiras e podemos
pensar em lançar os nossos discos em outros mercados”.
Ainda é prematuro dizer o que vai ser
este quarto CD, mas Yola Araújo tem também como objectivo fazer um
grande espectáculo que marque os 12 anos da sua carreira. “Este ano
ainda quero fazer outro grande espectáculo em Luanda (depois do que fez
no Karl Max no dia 28 de Março). E possivelmente levá-lo também a outras
províncias onde tenho os meus fãs. Em Benguela, por exemplo, existe um
público muito fiel à minha música”, revela.
Acrescente-se que a artista é hoje
agenciada pela LS Produções. Prova que os artistas angolanos começam a
ter profissionais sérios que sabem gerir as respectivas carreiras, o que
se reflectirá na qualidade e no impacto do seu trabalho. Quer seja no
país ou no estrangeiro.
Yola Araújo Vive apenas da Música
Yola Araújo faz parte de uma geração de
vozes femininas que nasceu nos finais dos anos noventa e inícios de
2000, onde estão nomes como Yola Semedo, Ary, Margareth do Rosário,
Patrícia Faria, entre outros. Isto pode gerar naturais invejas e
desconfianças entre elas, o que para a artista merece o seguinte
comentário: “Aparentemente não! Isso não acontece. Pelo menos quando
estamos juntas não existe esse sentimento. Do meu ponto de vista a
concorrência é importante. Não achar que somos a melhor. Procuramos
todas fazer coisas com mais qualidade e isso deve-se ao facto de
existirem várias cantoras de qualidade. Penso que esta concorrência é
boa para todas nós”, sublinha.
O espaço da música também é cada vez
maior na sociedade. O que faz com que os artistas possam viver apenas do
seu talento, o que não acontecia em anos passados quando os cantores
tinham quase sempre outras profissões. Isso permite maior empenho e
maior profissionalismo. “Eu vivo da música desde sempre. Tem dado certo.
Deus tem-me agraciado com essa sorte”, diz com um rosto mais sério.
Lar e família
Em casa a música também está presente.
“Procuro ouvir diversos discos. Gosto do James Blunt, da fase espanhola
da Christina Aguilera, mas também oiço música angolana com regularidade.
Informo-me do que vai saindo e vou ouvindo o que posso”, explica Yola
Araújo, confessando com um enorme sorriso, “sou muito “noveleira”. Gosto
de estar em casa como a minha filha a ver as telenovelas que passam na
televisão. Isso faz com que tenha menos tempo para ler e ouvir música.
Mas sempre se arranja um espaço”.
Recorde-se que a cantora foi mãe
recentemente, a sua filha nasceu apenas há quatro meses. “Chama-se
Ayani, que significa flor bela em etíope. Naturalmente que uma filha
altera um pouco a nossa rotina. Mas é possível manter a nossa carreira e
as nossas obrigações com o apoio da família. Os meus pais e os meus
sogros dão uma grande ajuda, o que aliás acontece em todos os casais”,
explica, acrescentando, “Eu estava preparada e queria ser mãe. Isso faz
com que as coisas sejam mais simples. Naturalmente que existem questões
que se colocam quando tenho ensaios e espectáculos. Quando tenho de sair
de Luanda. Mas tudo se resolve. As minhas irmãs também são muito
importantes no equilíbrio da família. Neste aspecto sou bastante
beneficiada”. O equilíbrio emocional é muito importante para quem quer
desenvolver uma carreira de sucesso.
Planos para o futuro
Inquirida sobre como se vê daqui a vinte
anos, respondeu:“Não parei para pensar o que será a minha vida daqui a
15 ou 20 anos. Uma coisa sabemos, queremos ser independentes e isso
passa também pela vertente financeira. Vamos desenvolver negócios nossos
para podermos ser patrões de nós mesmos. Esse é um objectivo que temos e
no qual estamos a trabalhar”.
Também não se esquece da vertente da
solidariedade. “Gostava de fazer algo em benefício dos outros. Sempre
foi uma preocupação minha. Existem outras pessoas com mais necessidades e
nós podemos contribuir. Faço muitas aparições em espectáculos para
causas sociais ou actividades de beneficência. Isso faz-nos também ficar
bem connosco. Temos que ser mais solidários numa sociedade que é cada
vez mais competitiva”, diz Yola Araújo a terminar.
Uma cantora sensual
Yola Araúo foi casada com Fredy Costa,
modelo e actor. É mãe de uma menina chamada Ayani, que significa “flor
bela” em etíope. Hoje considera-se uma pessoa diferente da jovem que
lançou o primeiro álbum Sensual. “Hoje tenho o ouvido mais apurado.
Percebo o que pode ou não ser um sucesso. Também melhorei bastante a
minha postura no palco. Também aprendi a seleccionar as pessoas com quem
quero trabalhar”, diz a cantora
Yolete, a sucessora
A artista é a mais velha de quatro irmãs
e a única que assumiu a música como profissão. Não existem raízes
musicais na sua família, excepto do lado do seu avô. “Ele não era
profissional. Mas tinha uma excelente voz. Cantava no quintal, nas
reuniões de amigos”. Por isso não foi fácil aceitarem esta escolha. “No
início da minha carreira, o meu pai era falecido e a minha mãe não
aceitou. Achava mais importante que eu continuasse a estudar. Mas à
medida que a minha carreira foi crescendo, ela passou a gostar e hoje é a
minha fã número um”, diz bem-disposta, acrescentando sobre quem lhe vai
seguir as pisadas na família, “tenho uma sobrinha, Yolete, que também
pode vir a ser artista. Diz sempre que quer ser cantora como a tia”.
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